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Revista Desassossego

 

 

 

 

 

 

O objetivo da Desassossego, revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), é divulgar a produção acadêmica inédita (artigos, entrevistas e resenhas) de pós-graduandos e professores, relacionada a temas portugueses, ainda que os autores pertençam a outras áreas de atuação.

A revista também aceita textos literários inéditos, em prosa ou verso, de alunos matriculados em quaisquer programas de pós-graduação ou de professores universitários.

Acesse as nossas edições emhttps://www.revistas.usp.br/desassossego/issue/archive

​​​​​​​Leia, abaixo, um pouco do percurso de nosso Periódico, nas palavras de alguns de seus primevos colaboradores:

Mas que desassossego bom!

Desassossego é o que sente o mestrando e o doutorando em sua travessia pela pós-graduação. Matéria simples em busca de sua forma, a inquietação e a perturbação que movem o desassossego tendem a ser produtivos e criativos. A prova disso está na página de sua tela.

O desassossego que era virtual realidade, inquieta ânsia de ser, acaba de materializar-se em forma de revista ─ a revista eletrônica dos alunos de Pós-Graduação do Programa de Literatura Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo.

Com Desassossego concretiza-se o projeto de uma publicação eletrônica que objetiva dar visibilidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido no âmbito do Programa. Com Desassossego cria-se o espaço de debate, circulação e intercâmbio de ideias, ao abrigar a produção acadêmica e artística dos mestrandos e doutorandos em Literatura Portuguesa.
Com Desassossego abrem-se caminhos de reflexão cujos resultados, nascidos seja da interlocução entre docentes e discentes do Programa, seja das pesquisas realizadas, poderão ser divulgados e acompanhados aqui.

Enfim, fruto do desassossego criativo e do trabalho da equipe organizadora, só cabe ao Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa agradecer-lhes a iniciativa, dar-lhes o apoio necessário e augurar vida longa a esse nosso Desassossego.

Francisco Maciel Silveira (in memoriam)
Docente do Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa – DLCV – FFLCH – USP

Em torno de um nome, muitos mundos.

“Todo esforço, qualquer que seja o fim para que tenda, sofre, ao manifestar-se, os desvios que a vida lhe impõe; torna-se outro esforço, serve outros fins, consuma por vezes o mesmo contrário do que pretendera realizar. Só um baixo fim vale a pena, porque só um baixo fim se pode inteiramente efectuar.”
Bernardo Soares, Livro do desassossego

Desassossego não é um nome simples, também não é um simples nome, caso fosse um nome qualquer. Algumas palavras, quando reescritas, já nascem carregadas de sentido – mal chegam ao mundo e já são tomadas pelas circunstâncias: é quase impossível não ler nesse nome Fernando Pessoa ou, se preferirem, Bernardo Soares, uma filiação inegável, ainda mais quando as circunstâncias apontam para uma Revista de Literatura dos alunos da Pós-Graduação em Estudos Portugueses da Universidade de São Paulo, afinal um nome é sempre uma escolha, uma tomada de decisão.

Alguns poderiam até dizer: “Nada mais sem novidade do que uma revista de literatura portuguesa que retoma Fernando Pessoa”, o que não mereceria discordância, se nós nos mantivéssemos apenas na literalidade da palavra, reduziando-a ao universo pessoano – mesmo que esse seja um sem fim de possibilidades. Leyla Perrone-Moisés, num estudo crítico sobre o Livro do desassossego, lança a pergunta: “Seria demasiado arriscado ler, emDesassossego: Des-a-só-sem-ego?” Independente da resposta, é interessante perceber, no gesto da crítica, a vontade de abrir o nome, desmontando-o e fragmentando-o, para ler, em sua formação, outras possibilidades de significados.

Livro do desassossego, um “anti-livro” ou um “livro em ruínas”, como lembra Richard Zenith, por ser um projeto aberto e frouxo, um livro que nunca chegou de fato a ser montado e publicado numa versão definitiva por Pessoa, remanesce como uma potência: talvez devêssemos tentar ler, nas entrelinhas desse nome, as questões que o perpassam, para além do nome de um autor, questões que, ampliadas, dizem muito sobre o tempo de hoje, um tempo, invariavelmente desassossegado – atravessar um nome para pensar e repensar o mundo.

Sim, chegamos ao mundo através de Fernando Pessoa, um nome indissociável de um país, de uma cultura, de uma época, mas são pelas curvas sibilantes e sinuosas, fios do nome desassossego, que esperamos atravessar, raspando ou de viés, mesmo que na contramão, questões ou urgências de um estar no mundo em desassossego. E é puxando por esse nome, pelo fio da escrita, redesenhando as curvas, que repetimos e reiteramos o nome como diferença: desassossego.

Érica Zíngano
Comissão Editorial
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa - USP, no período de 2008 a 2011.