16 poetas portugueses do século XX

Data: 28 de setembro a 07 de dezembro de 2013

Objetivo:

Apresentar ao público uma compreensão das diferentes poéticas do século XX português, de ponta à ponta, em seus diálogos, tradições, deslocamentos e rupturas. Acompanhando sempre o contexto histórico-cultural em que cada poeta se insere, proporcionaremos uma visão, ainda que panorâmica, da obra de 16 autores representativos desse riquíssimo período.

Coordenação: Profa. Dra. Lilian Jacoto, da FFLCH/USP.

Ministrantes: André Yuiti Ozawa, Bruno Anselmi Matangrano, Charles Marlon Porfirio de Sousa, Claudio Alexandre de Barros Teixeira, Danilo Rodrigues Bueno, Fernando Ulisses Mendonça Serafim, José Eduardo Ferreira, Leonardo de Barros Sasaki, Mariella Augusta Pereira
Mauro Dunder, Orivaldo Rocha, Roberta Almeida Prado de Figueiredo Ferraz e Vicente Luis de Castro Pereira

Promoção: Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da FFLCH/USP

PROGRAMA DETALHADO 

AULA 1 sábado, 28 de setembro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Teixeira de Pascoaes (1877 – 1952) _ por Roberta Ferraz 
Leremos Pascoaes como um aglomerado de tempos estéticos atuantes ainda no cadinho de fins do século XIX e início do século XX: neorromantismo, simbolismo, neogarretismo, modernismo, etc. Num contexto de extrema instabilidade política em Portugal, Pascoaes esteve com frequência no centro do debate literário do começo do século, quando através da revista A Águia liderou o movimento saudosista, elegendo e propagando a ‘saudade’ como mito matriz da cultura portuguesa. 

11h – 12h40 | Camilo Pessanha (1867 - 1926) _ por Bruno Matangrano 
O Simbolismo em Portugal: breve apresentação do movimento, de suas origens parisienses às primeiras manifestações lusitanas. "Nostalgia, Exílio e Melancolia": três temas biográficos presentes na poesia de Pessanha. "O Verlaine Lusitano": Pessanha leitor dos simbolistas franceses. Leitura e análise de poemas. 


AULA 2 sábado, 5 de outubro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Fernando Pessoa (1888 – 1935) _ por Mauro Dunder 
Aspectos biográficos relacionados à obra; O projeto de Orpheu e a identidade de Portugal; A questão da heteronímia; Leitura de poemas dos principais heterônimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos; Poesia ortônima. 

11h – 12h40 | Mário de Sá-Carneiro (1890 - 1916) _ por Orivaldo Rocha 
um exemplo bem acabado de correspondência profunda entre vida e arte; como um autor de contos e de narrativas é em essência poeta e apenas poeta; pontos de contato entre a narrativa A confissão de Lúcio e as cartas a Fernando Pessoa. 

AULA 3 sábado, 19 de outubro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Vitorino Nemésio (1901 - 1978) _ por André Osawa 
Filiação e independência: diálogos com diversas vertentes do modernismo e da contemporaneidade portuguesa. O estilo humilde como mundividência moderna. O olhar “estrangeiro” ao Brasil. O pensador “inconveniente” e independente. 

11h – 12h40 | José Régio (1901 - 1969)_ por José Eduardo Ferreira 
O movimento da Presença por João Gaspar Simões; Os conceitos de “Literatura Viva” e “Literatura Livresca” de José Régio; Análise do livro Poemas de Deus e do Diabo, de José Régio. 

AULA 4 sábado, 26 de outubro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Eugenio de Andrade (1923 - 2005) _ por Mauro Dunder 
Aspectos biográficos relacionados à obra; Traços característicos da lírica de Eugênio de Andrade; Leitura e discussão de poemas. 

11h – 12h40 | Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004) _ por Vicente Castro Pereira 
Labirintos da casa e caminhos do mar: os espaços da poética de Sophia de Mello Breyner Andresen. A obra de Sophia de Mello Breyner Andresen apresenta, de forma recorrente, imagens ligadas à intimidade doméstica e à vastidão marítima. Uma abordagem articulada entre dois espaços significativos para a autora possibilita a depreensão de temas e figuras centrais de sua produção. 

AULA 5 sábado, 9 de novembro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Jorge de Sena (1919 – 1978) _ por Danilo Bueno 
Panorama da obra poética do escritor português Jorge de Sena (1919-1978). Análise de poemas emblemáticos que permitam a discussão das principais tópicas de sua obra poética, tal qual o testemunho, reação em face do fingimento pessoano. Sugestão de leitura de estudos teóricos que aprofundem o painel. A abordagem crítica aos poemas e ensaios visa estabelecer relações com o contexto histórico e literário, bem como a cultura em geral. 

11h – 12h40 | Ruy Belo (1933 - 1978) _ por Leonardo de Barros Sasaki 
O ano de 1961 na poesia portuguesa: o contexto literário na publicação de Aquele grande rio Eufrates; "Desporto da versificação": as soluções formais de Ruy Belo - o poema longo, o trabalho fônico, palavra prática/palavra poética, etc.; "Administrar a melancolia": o ethos beliano e alguns princípios de poética - o limiar da (im)pessoalidade, o "mudar de assunto", a melancolia e a alegria; "A morte em preparação": o tema obsedante da morte e da passagem do tempo. 

AULA 6 sábado, 23 de novembro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Antonio Pedro (1909 - 1966) _ por Fernando M. Serafim 
António Pedro, poeta do mundo: trânsitos e influxos. O contexto efervescente da época e as novidades estéticas. O dimensionismo, o planismo e a incorporação da velocidade, do movimento e da abolição das fronteiras físicas dos comunicantes da poesia. "Protopoema da serra d'Arga": crônicas de uma Pasárgada. O surrealismo como modo de resistência da identidade. Forma em transe: a interlocução entre o real e o imaginário nas telas e esculturas de António Pedro. 

11h – 12h40 | Mário Cesariny (1923 – 2006) _ por Roberta Ferraz 
Principal agitador e autor do surrealismo em Portugal no anos 50, Mário Cesariny, assim como seus companheiros de geração, experimentaram no corpo e no corpo da escrita o desafio de ‘viver’, ‘praticar’ o surrealismo, em sua busca ativa de uma postura libertária, em plena ditadura salazarista. A literatura neorrealista, engajada na ideologia revolucionária, ia, também, na contramão do espírito absolutamente comprometido com a liberdade plena do indivíduo, agindo fora dos preceitos autoritários. Sopro de ar no coração oprimido da cultura de seu tempo, Cesariny somou à causa surrealista uma literatura de incrível potência estética. 

AULA 7 sábado, 30 de novembro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Herberto Helder (1930) _ por Mariella Augusta Pereira
Herberto Helder e sua fanopeia. O objetivo da aula é apresentar a moderna poesia de Helder que, apesar de parecer situado na ambiência de fragmentação gerada pela modernidade, propõe-se a encontrar a própria poesia, não tomando parte no ocaso dos nossos tempos, mas nos próprios ocasos. 

11h – 12h40 | Al Berto (1948 - 1997) _ por Leonardo de Barros Sasaki 
Regresso ao real?: a poesia portuguesa das décadas de 70 e 80, o discurso quotidiano e afetivo; "Aprendizagem da vida e da escrita": a obra de Al Berto no espaço biográfico - simulações, hibridizações, tensões; "O guardador de ruínas": a realidade e a poesia como (coleção de) sinais; "Ofício do medo": o tema do medo e seus desdobramentos como estruturadores da lírica albertiana, as inquietações da contemporaneidade; 

AULA 8 sábado, 7 de dezembro de 2013 | 9hs às 12h40 

9h – 10h40 | Ana Hatherly (1929) _ por Claudio Daniel 
Ana Hatherly, autora que participou do movimento da Poesia Experimental Portuguesa (PO-EX), realiza uma pesquisa criativa sobre a dimensão visual da escrita, dialogando com os labirintos visuais do barroco português, com os alfabetos de antigas civilizações e com as poéticas da modernidade, em busca de outras possibilidades de comunicação poética. 

11h – 12h40 | Rui Pires Cabral (1967) _ por Charles Marlon 
Uma abordagem sobre a obra de Rui Pires Cabral, situando sua poesia em Portugal, como fazendo parte dos poetas denominados, em tom de elogio, “Sem Qualidades” por Manuel de Freitas, e no mundo, no contexto da Globalização. Breve panorama de sua obra, contextualizando também o aparecimento dos poetas da antologia de 2002, "Os Poetas Sem Qualidades" e de outra antologia, de 10 anos depois (2012), "Nós os desconhecidos", reforçando este caráter "menor" e não menos importante dessa vertente da poesia portuguesa contemporânea. 


BIBLIOGRAFIA GERAL 

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